Mudaram as cores das rosas de Lúcia
Olhos entreabertos ao despontar dos primeiros raios
Só óleo entre espetros a lacrimar os canteiros baios
Gotas que surgem macias numa verônica fria
Solta em penugem, descia, suma da crônica lia.
Enredo que ressonava somente dentro de mim
É medo que só me dava no epicentro do fim
Lembrança de infância, brinquedo de plástico partido
Criança em vacância, tão cedo, sarcástico estampido.
As cores das rosas são ofuscadas pela fuligem
Afores nervosas mãos calejadas, sê-la a origem
De vida mais dura que esmagou o calor da pelúcia
Despida, não pura, apagou, sem amor, chora Lúcia.
Terra treme em pés seus. Ar respirado não é mais leve
Berra e geme: "Meu Deus, meu pai amado, vem e me leve"
Pra longe, pra onde exista o começo e a inocência
De um monge que esconde o endereço da opulência.
Eu lírico imberbe pra varão vexado no grito
Empírico, me serve ela, então, corado, explico
Que Lúcia sou eu nas manhãs que amanhecem sem sol
Argúcia que deu as manhas que a mim servem de atol.
Marcelo Garbine
Poesia publicada na Revista Literária da Lusofonia – Décima Sexta Edição – Página 96 – Outubro de 2015.
A versão em vídeo que sincroniza imagens, música e poesia, pode ser assistida na subseção Poesias com Imagens da seção Artes deste site.
Só óleo entre espetros a lacrimar os canteiros baios
Gotas que surgem macias numa verônica fria
Solta em penugem, descia, suma da crônica lia.
Enredo que ressonava somente dentro de mim
É medo que só me dava no epicentro do fim
Lembrança de infância, brinquedo de plástico partido
Criança em vacância, tão cedo, sarcástico estampido.
As cores das rosas são ofuscadas pela fuligem
Afores nervosas mãos calejadas, sê-la a origem
De vida mais dura que esmagou o calor da pelúcia
Despida, não pura, apagou, sem amor, chora Lúcia.
Terra treme em pés seus. Ar respirado não é mais leve
Berra e geme: "Meu Deus, meu pai amado, vem e me leve"
Pra longe, pra onde exista o começo e a inocência
De um monge que esconde o endereço da opulência.
Eu lírico imberbe pra varão vexado no grito
Empírico, me serve ela, então, corado, explico
Que Lúcia sou eu nas manhãs que amanhecem sem sol
Argúcia que deu as manhas que a mim servem de atol.
Marcelo Garbine
Poesia publicada na Revista Literária da Lusofonia – Décima Sexta Edição – Página 96 – Outubro de 2015.
A versão em vídeo que sincroniza imagens, música e poesia, pode ser assistida na subseção Poesias com Imagens da seção Artes deste site.
Essa também é legal!
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- Cínthia MorettiObrigada...é o mais lindo que já vi na minha vida !Enviado em 06/06/2015 às 00:35
- suely Lage Soares Sette Ao iniciar a vida um olhar, entreaberto espera...Expectativa inocente pelo que pode acontecer em canteiros baios. Medo tangível esmaga a vida e dela retira a pureza inocente de crer em toda gente...
Deseja voltar e sente na crueza de uma realidade abrupta, que não dá... Ainda exala a mocidade, impregnada num lirismo que é escape e corrida, rumo à saída menos dolorosa... Agudeza de espirito entra em cena em uma descrição brilhante... Vê-se no menino impactado, nascer o homem em face rosada ...Um sentimento digno o faz corar, ante o novo da vida. Refugia-se então e em Lúcia se compõe a essência de uma vida.
Etapas que se fundem e vão mudando o olhar da criança, do jovem e do homem e, a rosa de hoje não exibe mais as cores nem os odores de ontem...A vida em fases tantas revelada, em um poema de grande impacto.Sutileza que encanta!
Parabéns poeta Marcelo Garbine Mingau Ácido! Viva a vida em versos raros, Lúcias e rosas agradecem! Catarse boa coloca em evidência tantas coisas que na distração ou escusa da vida sonegamos...Enviado em 31/05/2015 às 18:09