O tempo, a Camila e as covinhas
Se Chronus, do alto, ordena
Se somos incautos, pena
Que há espera... passou tão lento...
Que a esfera girou, sem vento.
Três décadas e meia
Amores súbitos em vão
Vês que não chega a ceia
Prostrar, decúbito, então.
E lá pelos anos noventa
Eis que, suavemente, venta
Mas eu só tinha dezoito
Lá, se caminha, afoito.
Devia-se aguardar mais dezenove
Tempo para que se renove
Esquinas ganhas, passos dados
Aqui nas sanhas, machucados.
E o vento que passou em 1995
Suave pelas pelugens do meu queixo
Semeou, no mundo, novo ser, com afinco
Que entrar, voraz, na minha vida, eu deixo.
Façamos nossos os talhões de tempos dormentes
Adolescia enquanto plantavam a semente
E toda a desproporção cronológica
Desvenda-se, clara, então, fica lógica.
Novembro... junho...
Escada de meses em ciclos de doze
Se lembro, empunho
Espada que vezes reciclo em pose.
Para cortar intervalo tão longo
Hiato, de fato, entre dois nascimentos
Que flui, agora, se torna ditongo
Um lago, uma garça, que, agora, eu invento.
A garça a habitar tranquila
A lagoa, nossa vila
A graça de poder senti-la
Você está em mim, Camila.
Minha mão busca seu rosto
Vejo, então, nele está exposto
O que agrada e são só minhas
Suas duas lindas covinhas.
Marcelo Garbine
Poesia publicada na Revista Literária da Lusofonia – Décima Primeira Edição – dezembro de 2014 – Página 59.
A versão em vídeo que sincroniza imagens, música e poesia, pode ser assistida na subseção Poesias com Imagens da seção Artes deste site.
Se somos incautos, pena
Que há espera... passou tão lento...
Que a esfera girou, sem vento.
Três décadas e meia
Amores súbitos em vão
Vês que não chega a ceia
Prostrar, decúbito, então.
E lá pelos anos noventa
Eis que, suavemente, venta
Mas eu só tinha dezoito
Lá, se caminha, afoito.
Devia-se aguardar mais dezenove
Tempo para que se renove
Esquinas ganhas, passos dados
Aqui nas sanhas, machucados.
E o vento que passou em 1995
Suave pelas pelugens do meu queixo
Semeou, no mundo, novo ser, com afinco
Que entrar, voraz, na minha vida, eu deixo.
Façamos nossos os talhões de tempos dormentes
Adolescia enquanto plantavam a semente
E toda a desproporção cronológica
Desvenda-se, clara, então, fica lógica.
Novembro... junho...
Escada de meses em ciclos de doze
Se lembro, empunho
Espada que vezes reciclo em pose.
Para cortar intervalo tão longo
Hiato, de fato, entre dois nascimentos
Que flui, agora, se torna ditongo
Um lago, uma garça, que, agora, eu invento.
A garça a habitar tranquila
A lagoa, nossa vila
A graça de poder senti-la
Você está em mim, Camila.
Minha mão busca seu rosto
Vejo, então, nele está exposto
O que agrada e são só minhas
Suas duas lindas covinhas.
Marcelo Garbine
Poesia publicada na Revista Literária da Lusofonia – Décima Primeira Edição – dezembro de 2014 – Página 59.
A versão em vídeo que sincroniza imagens, música e poesia, pode ser assistida na subseção Poesias com Imagens da seção Artes deste site.
Essa também é legal!
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- Suely Lage Soares SetteMarcelo,ler esse poema e conhecer dele a história ainda me emociona.
Saber da capacidade de amar e não se furtar a confessar publicamente esse amor é grandioso demais.
Independente do rumo que tome as estradas de Camila e Marcelo, essa história ambos levaram pela vida,para sempre e o que é mais lindo poderão contar aos seus filhos, companheiros sem reservas.
Foi um sentimento puro, lindo e digno de ser declamado.
Pela genialidade da letra parabéns amigo poeta!Enviado em 16/03/2015 às 22:58